domingo, 29 de maio de 2011

Saiu no Jornal

Matéria publicada no jornal Diário de São Paulo em 03/05/2011 http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2011/05/68402-entrando+no+circulo.html


Entrando no círculo


Vetadas na modalidade até o fim dos anos 90, as mulheres ganham espaço no sumô internacional. No Brasil, o esporte cresce no feminino e conquista até medalhas em Mundiais, feito ainda não alcançado pelos homens



Marta Teixeira
DIÁRIO SP



Elas já foram consideradas impuras para pisar no dohyo e, reza a lenda, alguns mais tradicionalistas abandonaram o esporte quando foram admitidas. Mas, hoje, as mulheres são presença constante no sumô mundial.


foto: Keiny Andrade/Diário SP


Fernando Kuroda (à direita) chegou a ser profissional no Japão



A permissão para a entrada delas no esporte só aconteceu nos anos 2000, depois que o Japão apresentou candidatura para a Olimpíada de 2012. Os dirigentes planejavam colocar o sumô como esporte de exibição e o Comitê Olímpico Internacional (COI) exige que qualquer modalidade incluída no programa dos Jogos seja praticada pelos dois sexos.
"No sumô profissional, até hoje as mulheres não podem subir na arena no Japão", explica Olívio Sawasato, diretor do único ginásio exclusivo da modalidade em São Paulo, que fica dentro do Centro de Cultura Japonesa, no Bom Retiro.
Apesar disso, na categoria amador, a presença feminina tem crescido em todo o mundo, inclusive no Brasil. "O sumô feminino é praticado em 84 países e hoje, dos nossos 450filiados, uma boa parcela é de mulheres", garante o presidente da Confederação Brasileira, Isao Kagohara. Em 2004, na cidade alemã de Riesa, Fernanda Pereira da Costa tornou-se campeã mundial na categoria pesado. Depois dela, muitas outras medalhistas vieram. Luciana Montgomery Watanabe é uma delas. Judoca desde os 12 anos, está há 11 no sumô e ajudou o Brasil a conquistar o bronze no Mundial do Japão-2010.
Cheias de charme/ "O preconceito existe", reconhece Luciana e até ela já manifestou algum. "O que mais me chocou é que o dohyo é de terra. Achava que ia me sujar", confessa, mostrando uma preocupação básica feminina. Superada a barreira, entrou de cabeça no esporte, sem perder a feminilidade.
"As pessoas me perguntam se não precisa ser gorda", lembra, rindo. Mas, com as unhas pintadas de vermelho e fã de vestidinhos, a lutadora mantém os 65 kg, peso mínimo para competir na categoria leve, à base de uma alimentação saudável e muitos exercícios. "Minhas pernas fortaleceram-se muito", afirma a jovem de 26 anos, que também enfrenta com frequência barbados nos treinamentos.

Como não há academias de sumô no país, são os mais experientes que ensinam os novatos e não é raro meninas treinarem com meninos. Namorada do sumotori William Takahiro Higushi, Luciana também usa a modalidade para integrar jovens com diversos níveis de deficiência mental em um projeto que inclui treinos de judô no Centro de Convivência de Suzano.
"Fortalece o corpo, ajuda no controle psicomotor e, mesmo usando a força, eles não se machucam", garante Luciana.
Glossário
Butsukari Keiko: Treino em que um lutador empresta seu corpo para ser empurrado por outro Chirichouzu: Movimentos que simbolizam que não há armas na luta Chonmage: Coque usado pelos lutadores profissionais Dohyo: arena de luta Jyuuryo: Grupo inferior da Primeira Divisão profissional Kimarite: Golpes que resolvem a luta Kinjite: Golpes proibidos Mawashi: Cinturão usado pelos lutadores Oozumo: Sumô profissional Sekitori: Lutador profissional Shiko: Exercício fundamental do sumô no qual o lutador levanta as pernas alternadamente em sua execução Shinsumo: Sumô feminino Sumotori: Lutador (não profissional) de sumô
O sumô feminino é disputado por peso: até 65 kg (leve), até 80 kg (médio) e pesado



foto: Keiny Andrade/Diário SP



Luciana observa suas alunas em Suzano. Nas lutas, as mulheres usam bermuda e top ou macaquinho inteiriço sob o mawashi















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